de volta ao normal

Aprender a abraçar uma vida com uma ostomia é, sem dúvida, um desafio que requer paciência, resiliência, senso de humor e uma visão otimista do mundo. No entanto, este caminho não é muito diferente das grandes mudanças que todos nós enfrentamos em nossas vidas, como mudanças de carreira, de endereço, casamentos e a chegada de filhos. A chave está em perceber que, assim como com qualquer outra transição, a adaptação leva tempo. Lembre-se, você tem dentro de si a força necessária para florescer nessa nova fase.

Enquanto você se ajusta a essa nova realidade, saiba que sua vida pode ser tão rica e gratificante quanto era antes da cirurgia. As atividades que você ama, seja voltar ao trabalho, estudar, ter uma vida social ativa ou explorar o mundo, ainda estão à sua disposição. Cinema, jantares em restaurantes, viagens – tudo isso continua a ser parte do seu horizonte, esperando por você. Seu comprometimento com a felicidade e o bem-estar deve continuar inabalável.

Compartilhando sua História de Superacão com a ostomia

É natural que você se pergunte como compartilhar sua jornada com a ostomia com os outros. No entanto, não há motivo para preocupações. A verdade é que você pode escolher quanto deseja compartilhar – desde ter passado por uma cirurgia abdominal até ter partes do intestino retiradas. Quando se trata dos seus filhos, a honestidade direta é a melhor política. A abertura pode servir como um exemplo valioso, criando indivíduos que abraçam a diversidade e evitam preconceitos. Além disso, ao discutir questões como convivência familiar, vida sexual e aceitação com seu parceiro, você está fortalecendo ainda mais os alicerces do seu relacionamento.

Inicialmente, você pode sentir que todos os olhares estão voltados para a bolsa de ostomia sob suas roupas. Lembre-se, essa sensação é apenas uma percepção. No Brasil, há entre 150 mil e 250 mil pessoas que passam pela mesma experiência – um lembrete poderoso de que você não está sozinho nessa jornada. Às vezes, você pode se deparar com inchaços causados por gases, mas uma breve visita ao banheiro resolve isso. E se a sua ostomia se tornar ativa após uma refeição, qual é o problema? Quantas pessoas não sentem a necessidade de ir ao banheiro após comer?

Redefinindo sua Realidade com Otimismo

O processo de adaptação é uma oportunidade de redefinir a sua realidade e priorizar o seu bem-estar emocional e físico. Você está construindo uma nova versão de si mesmo, uma que é fortalecida pela resiliência e determinação. Cada passo que você dá em direção a aceitar e viver plenamente com a sua ostomia é um triunfo. A paciência que você demonstra, a coragem que você exibe e a positividade que você cultiva são alicerces sólidos para uma vida plena e realizada.

Então, lembre-se que você é um exemplo vivo de superação. Sua jornada com a ostomia é um testemunho inspirador de como a força interior pode vencer qualquer desafio. Continue a abraçar a vida com paixão, buscando as alegrias que estão ao seu alcance. Você não está simplesmente vivendo com uma ostomia – você está prosperando com ela. Sua jornada é uma inspiração para todos nós, lembrando-nos que a vida é uma aventura a ser abraçada, independentemente das curvas que encontramos no caminho.

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Gases intestinais

É normal que, nos primeiros dias após a cirurgia, você experimente uma produção maior de gases pelo seu intestino. Isso acontece em todas as cirurgias abdominais. Nada para se preocupar, porém. Apesar de incômodo, esse sintoma não tem nenhuma consequência importante para a sua saúde ou sua recuperação. E, naturalmente, melhor com o passar do tempo e a redução do inchaço do intestino no pós-operatório, o sintoma melhora.

Ainda assim, alguns hábitos podem ser evitados, para reduzir a produção de gás intestinal – não fumar, não beber em canudos, não mascar chicletes, não ingerir refrigerantes ou certos alimentos (ovos, repolho, cebola, peixes e frutos do mar, doces, leite e derivados) pode ajudar.

Apesar do que muita gente pensa, manter-se longos períodos em jejum não reduz a produção de gasesPelo contrárioaumenta, pois o intestino fica mais ativo no jejum.

Odor

Normalmente você não deverá sentir qualquer cheiro vindo de sua bolsa de ostomia, a não ser nos momentos de troca. Certos cuidados podem deixa-lo mais tranquilo em relação a esse assunto, porém. Sua dieta influencia diretamente no odor das eliminações da sua ostomia. Se isso é um problema para você, alimentos como cebola, feijão, repolho, brócolis e ovos devem ser evitados. Determinados medicamentos (antimicrobianos e vitaminas) também podem estar envolvidos no problema. Discuta o assunto com seu médico.

Algumas dicas podem ajudar a lidar com esse desagradável problema:

  • verifique a aderência da bolsa/base à sua pele – uma bolsa bem colada evita que maus cheiros vazem do sistema;
  • troque a bolsa ou faça a drenagem com frequência;
  • procure usar bolsas revestidas com filme anti-odor;
  • é possível usar desodorantes específicos para ostomia – alguns são colocados dentro da bolsa, outros ingeridos pela boca. Converse com o seu médico ou enfermeiro estomaterapeuta sobre as melhores opções de produto, posologia e dosagem para você.

Constipação

Mais frequentemente um episódio de constipação se deve a uma dieta inadequada, à ingestão reduzida de alimentos ou mesmo ao uso de certas medicações. Você poderá discutir o assunto e explorar as possibilidades com seu médico. Se você sofria de constipação intestinal antes da cirurgia, procure se lembrar das medidas que o faziam melhorar. Não use laxantes sem antes consultar o médico.

Pessoas que têm ileostomias precisam estar especialmente atentas: caso não haja eliminações por um período de 6 horas e esse quadro seja acompanhado de náuseas ou cólicas, pode se tratar de uma obstrução intestinal. É um quadro potencialmente grave, que requer atenção. Medidas como um banho morno para relaxamento ou mudança de posição (você pode ficar agachado por um período, por exemplo) podem ajudar. Caso não haja melhora, é importante procurar atenção médica imediatamente.

Diarréia

A Diarreia pode ser definida como o aumento da frequência das eliminações, com consistência diminuída das fezes (fezes aquosas), de início súbito e acompanhada de dor abdominal em cólica. Para alguns pacientes (ileostomizados, ou pessoas com colostomia transversa, por exemplo) pode ser difícil ter certeza de que se trata de um quadro de diarreia. A melhor forma de confirmar o diagnostico é medir a quantidade de eliminações. Uma ileostomia pode apresentar uma drenagem de até 1 litro por dia.

Viroses intestinais, certos medicamentos (antibióticos por exemplo), água e alimentos de procedência duvidosa podem ser causas de diarreia.

Alguns alimentos podem ajudar no controle da diarréia, então vale a pena você ajustar a sua dieta neste período, sem perder o risco da desidratação.

E porque é importante estar atento para a desidratação?

Além da perda de água, é preciso preocupar-se também com as perdas excessivas de sódio e potássio. O quadro de desidratação consiste em aumento da sede, boca seca, indisposição e redução da quantidade de urina. É um quadro potencialmente grave e precisa de atenção médica imediata.

Medicamentos e absorção

Pessoas que têm uma ileostomia, principalmente, podem ter que lidar com esse problema: alguns medicamentos, como comprimidos revestidos ou cápsulas de liberação prolongada podem não ser absorvidos pelo intestino e acabar aparecendo junto com as eliminações, dentro da bolsa. Uma classe de medicamento de uso muito comum que pode apresentar esse problema são os anticoncepcionais.

Por isso, se você encontrou na sua bolsa de ileostomia medicamentos que deveriam ter sido absorvidos, ou mesmo se faz uso de anticoncepcionais, esteja atento – é sempre recomendável abordar o assunto com seu médico.

Reto fantasma

Mesmo após a cirurgia, algumas pessoas relatam a sensação de precisar evacuar, como se o trajeto natural para eliminação das fezes através do ânus ainda estivesse presente. Isso pode acontecer e não tem nenhuma consequência prática. A maioria das pessoas diz que o mero ato de se sentar no vaso sanitário e “simular” uma evacuação natural alivia a sensação.

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estomaterapeuta é o profissional enfermeiro que atua nos cuidados a pacientes com estomias, feridas e incontinências urinárias.A estomaterapia é a especialidade que habilita o enfermeiro a cuidar com destreza e segurança de ostomizados, nos ambientes hospitalar, ambulatorial e domiciliar. A SOBEST é a sociedade de especialidade que regulamenta o trabalho desses profissionais e fomenta o desenvolvimento da atividade.

As funções do estomaterapeuta também englobam o treinamento ao autocuidado do ostomizado, bem como de seus familiares e demais cuidadores. Esse enfermeiro conseguirá ajudar o ostomizado, trazendo segurança, tranquilidade e qualidade de vida.

Em quais situações um estomaterapeuta pode me ajudar?

  • Avaliando as condições do estoma, a presença de complicações e condições do dispositivo a fim de prescrever os cuidados necessários;
  • Mensurando o diâmetro do estoma e a espessura da parede abdominal, mas sempre depois de 4 a 8 semanas da estomia;
  • Avaliando as características de pele periestoma (pele ao redor do estoma) e também a presença de complicações, tais como irritações ou mesmo sinais de infecção local;
  • Prescrevendo os equipamentos e produtos apropriados, quando houver presença de complicações locais como dermatites ou feridas, por exemplo;
  • Estimulando e ajudando no retorno do ostomizado à vida social, ou seja, trabalhando na aceitação e autoestima;
  • Averiguando de que forma os cuidados com a estomia estão sendo realizados e reforçando as orientações, sempre que necessário
  • Acompanhando o tratamento e orientando quanto aos exames de rotina e especializados;
  • Orientando quanto ao autocuidado do paciente, promovendo assim a reabilitação.

Resumindo de maneira simples as funções de um estomaterapeuta, ele irá acompanhar o tratamento e orientar quanto aos cuidados necessários.

Eu preciso mesmo de um enfermeiro para ajudar nos meus cuidados?

É comum que após um longo período no hospital  você não se sinta confortável com a idéia de ter um enfermeiro perto de você por mais tempo.

Mas um estomaterapeuta será um grande apoio para que você se recupere e, assim, volte o mais rápido possível para sua rotina, suas atividades e independência.

Pense sempre em sua qualidade de vida e na tranquilidade de que sua recuperação ocorrerá da melhor forma possível com esse suporte.

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